
24 jun 2008
Mais de 80 anos depois de ter sido escrito, o livro "Mein Kampf" ("Minha Luta"), do ditador nazista Adolf Hitler, volta a ocupar as páginas dos jornais alemães. Historiadores vêm reivindicando a liberação do livro, aqui proibido, com o objetivo de fazer e divulgar uma edição crítica do texto. O livro, no qual Hitler expõe suas idéias anti-semitas, racistas e expansionistas, está proibido na Alemanha até 2015, quando serão completados 70 anos da morte do ditador (1889-1945). A partir dessa data, sua publicação está liberada. Historiadores temem que, liberado, o livro caia nas mãos de neonazistas e se torne uma espécie de panfleto para organizações radicais de direita. Uma edição crítica, afirmam, chegaria antes aos leitores alemães. A Baviera -Estado no sul do país onde Hitler viveu antes de subir ao poder- detém os direitos autorais. Ela proíbe a publicação integral do livro para impedir a propagação de idéias nazistas e a exploração comercial do texto do ditador. Na opinião de várias autoridades alemãs, liberar "Mein Kampf" também seria um desrespeito aos milhões de vítimas do regime nazista. Mas os historiadores alegam que outros textos de Hitler, como documentos, cartas e discursos, já foram publicados em edições comentadas, sem obstáculos. Além disso, qualquer internauta consegue achar a versão online de "Mein Kampf" na íntegra. Também não é difícil, aqui, adquirir o livro em antiquários, mesmo que isso aconteça por trás do balcão. "Este livro está envolto por uma aura, que precisa ser quebrada", afirmou Stephan Kramer, secretário-geral do Conselho Central dos Judeus na Alemanha. O escritor alemão Rafael Seligmann, que é judeu, também defende a liberação. "Nossa democracia é forte suficiente para não ter uma recaída. Liberar "Mein Kampf" é um sinal de maturidade política." Apesar da proibição, o Instituto de História Contemporânea, em Munique, já vem preparando a edição revista do livro de Hitler.
"Mas está totalmente indefinido quando ela será publicada", disse à Folha o historiador Udo Wengst. Uma edição comentada deverá trazer os manuscritos do autor, correções, perfis, mapas e estatísticas. Ela deverá mostrar, por exemplo, que o então jovem nazista tirou grande parte das idéias de outros autores, "vendendo-as" como suas. Também deverá mostrar como assessores tentaram melhorar, ao longo das edições, o estilo repetitivo e confuso do ditador. Os historiadores admitem que uma edição crítica de "Mein Kampf" sairá cara para o leitor comum. Uma possibilidade, dizem, é colocá-la à disposição na internet ou lançar no mercado uma versão crítica mais simplificada.
(Folha)Notícias da Rua Judaica /nrj@mrmail.com.br

Nenhum comentário:
Postar um comentário