quarta-feira, julho 16, 2008

Último livro de Jacques Cousteau mostra que problemas ambientais se agravam sem solução

2008-05-28
A poluição, a pesca excessiva e a destruição dos habitats marinhos são alguns dos temas abordados por Jacques Cousteau no livro "O Homem, a Orquídea e o Polvo", que chega hoje às livrarias.
A última obra do explorador dos oceanos, falecido em 1997, foi escrita em parceria com a jornalista Susan Schiefelbein e é editada em Portugal pela Difel na colecção Agir Verde, cujos livros são impressos em papel reciclado.
Divida em 11 capítulos, a edição portuguesa tem um prefácio do presidente do conselho de administração da Águas de Portugal, Pedro Cunha Serra, e mantém o prefácio original, assinado pelo escritor, docente e ambientalista Bill McKibben, além de um epílogo em que Susan Schiefelbein actualiza informações, dando conta dos desenvolvimentos ocorridos em algumas das áreas referidas por Cousteau já após a morte deste.
A actualização de dados a que Susan Schiefelbein procede evidencia que várias agressões e "doenças do ambiente" referidas por Jacques Cousteau há vários anos têm sofrido agravamentos e continuam sem tratamento.
Entre as várias impressões colocadas por Jacques Cousteau nos textos que compõem o livro, figura uma observação sobre o facto de, no final dos anos 60, ter notado uma "diminuição considerável" no número de criaturas que vira nas suas primeiras expedições, duas décadas antes.
"O Homem, a Orquídea e o Polvo" cruza histórias das viagens que o oceanógrafo francês fez um pouco por todo o mundo com alertas sobre a pesca desregrada, os perigos da proliferação nuclear ou a responsabilidade dos cientistas, dos políticos e dos cidadãos em geral face ao meio ambiente.
Momentos de exaltação da vida como a reprodução entre as espécies ou alguns rituais comunitários são também descritos pelo explorador francês, que revela episódios vividos a bordo do barco Calypso em pontos tão distintos como a Antártida, a Grécia, a Amazónia, a Califórnia ou o Belize.
Constituindo-se, portanto, num relato de aventuras e num apelo à defesa da vida na Terra, o livro - que Cousteau escreveu nos últimos dez anos de vida, em parceria com Susan Schiefelbein - apresenta o seu ponto de vista sobre a protecção do planeta, revelando as preocupações do explorador com a poluição e o saque dos mares.
No dia a seguir ao primeiro discurso ambientalista de Cousteau, nos anos 70, um jornal deu como título à notícia sobre a intervenção "Não temos tempo a perder" mas, entretanto, já passaram quase quatro décadas e muitos dos problemas apontados por Cousteau continuam por solucionar, como salienta Susan Schiefelbein.
Jacques-Yves Cousteau (1910-1997) foi director do Museu Oceanográfico do Mónaco e membro do Comissão Consultiva da Agência Internacional de Energia Atómica, tendo sido militante anti-nuclear, crítico das políticas de armamento e favorável à aposta na investigação científica com fins positivos.
Autor de mais de 75 livros - o mais conhecido dos quais, "O Mundo do Silêncio", vendeu cinco milhões de exemplares em 22 línguas - foi igualmente realizador de diversas séries televisivas e viu os seus documentários serem distinguidos com três Óscares e com uma Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1956.
É ainda reconhecido o papel que desempenhou no aperfeiçoamento das tecnologias de mergulho a grandes profundidades, na tecnologia de transporte submarino e no domínio da descoberta e preservação do património arqueológico subaquático.
Quanto a Susan Schiefelbein, ganhou os prémios de jornalismo "National Magazine" e "Front Page" pelas suas reportagens sobre temas sociais, tendo sido chefe de redacção da Saturday Review, onde conheceu Cousteau, para quem viria a escrever os textos de diversos documentários.
Inforpress/Lusa/fim

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