sábado, outubro 18, 2008

Tarjetas de identificação por radiofreqüência

PESSOAS COMUNS podem não perceber quantas tarjetas RFID estão carregando sem querer. Os dispositivos são inseridos em itens pessoais e até em roupas.
Outubro 2008
Minúsculos dispositivos de identificação por radiofreqüência, utilizados para rastrear suprimentos e estoques, estão presentes numa série de produtos. Defensores da privacidade alegam que eles representam novos riscos de segurança para usuários

Cidadãos americanos que vivem em estados na divisa com o Canadá ou México, logo terão a oportunidade de utilizar um item de altíssima tecnologia: uma carteira de habilitação com leitura a distância. Desenvolvida para identificar cidadãos americanos que cruzam as fronteiras do país, a novidade vem sendo utilizada pelo Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos como maneira de poupar tempo e simplificar a entrada e saída do país. Mas, para quem segurança e privacidade são tão importantes quanto comodidade, é melhor pensar duas vezes antes de se comprometer. As novas carteiras de habilitação vêm equipadas com tarjetas de identificação por radiofreqüência, ou RFID, que podem ser lidas mesmo dentro do bolso, da carteira ou da bolsa a uma distância que pode chegar a 10 metros. Cada tarjeta incorpora um microchip codificado com um único número de identificação. Quando o portador se aproxima de um posto de controle de fronteira, um sinal de rádio transmitido por um dispositivo de leitura é captado por uma antena conectada ao chip, que emite o número de identificação. No momento em que o portador da habilitação passa pelo agente de segurança, o número de identificação já foi introduzido no banco de dados do Departamento de Segurança e a fotografia do motorista e seus dados pessoais aparecem na tela do funcionário do posto.Embora o uso das carteiras de habilitação com chip ainda não seja obrigatório, especialistas em privacidade e segurança estão preocupados, pois aqueles que optaram por usá-las não estão cientes do risco que correm: qualquer pessoa que disponha de uma leitora ativada – comerciantes inescrupulosos, agentes do governo, ladrões ou simples curiosos – também pode acessar os dados do portador da carteira, ou seja, pode rastrear pessoas a distância sem seu conhecimento ou consentimento. Além disso, uma vez que o número de identificação de uma tarjeta for associado à identidade do seu portador – por exemplo, quando o portador da carteira de habilitação faz uma transação via cartão de crédito – sua identificação remota passa a ser uma “procuração assinada” para essa pessoa. A carteira de habilitação com chip representa apenas mais um item da lista crescente de “identificadores” que consumidores podem usar ou levar consigo, como passes de transporte e aparelhos de pedágio eletrônico, chaves eletrônicas, carteira escolar, cartões de crédito com chip, roupas, telefones, e até artigos de mercearia.
Scientific American/Katherine Albrecht

Katherine Albrecht é doutora em educação pela Harvard University e diretora da Caspian, organização com 15 mil membros que defende a privacidade do consumidor contra a vigilância no comércio varejista. Desde 2003 está seriamente empenhada em denunciar e prevenir usos indevidos do RFID em produtos e em objetos de uso pessoal. Ela freqüentemente assessora legisladores e faz palestras sobre RFID e privacidade no Massachusetts Institute of Technology (MIT). É co-autora de dois livros sobre como o uso comercial e oficial do RFID pode ameaçar a privacidade e a segurança pessoal.

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