terça-feira, novembro 17, 2009

Israel e Estados Unidos se desentendem seriamente

17/11/09
Boa parte da Jerusalém atual foi construída em áreas conquistadas em 1967. A cidade reunificada por conquista militar e lei do Parlamento, o Knesset israelense, teve um primeiro prefeito, Teddy Kolleck, que nela promoveu a abertura de magníficas avenidas e ajardinou vastos espaços, embelezando cada canto do local. A cidade murada e antiga ganhou novos bairros e construções. Trabalhos de arqueólogos chegaram a desencavar a principal avenida de comércio dos romanos e foram restauradas inúmeras lojas, que voltaram a ser um centro comercial só que subterrâneo.

Gilo é um dos bairros novos construídos na cidade, expandida por uma arquitetura original. Em torno dele, veio à luz hoje um sério desentendimento entre Israel e Estados Unidos. A prefeitura da cidade autorizou 900 novos condomínios. O porta-voz da Casa Branca distribuiu a declaração de que o governo Obama “estava consternado”.
Bibi Netanyahu, chefe do governo de Israel, reagiu declarando “que se dispunha a reconsiderar a autorização de construções na Cisjordânia, a Margem Ocidental do Jordão. Mas que não aceitaria restrições a construções em Jerusalém”.
Gibbs, porta-voz de Obama, disse em um lamento que “em um momento em que nos empenhamos a promover a retomada dos diálogos de paz tal ação pode unilateralmente esvaziar nosso empenho”.
O caso Gilo surpreendeu, pois se imaginava que o bairro não ficava num espaço palestino, dizem os israelenses. É um bairro judeu. Sabe-se, porém, que isso foi discutido em várias oportunidades em encontros entre autoridades israelenses e americanas, na semana que passou. E acabou vazando por fontes não identificadas. Bibi teria dito aos americanos que uma coisa é adiar construções na Cisjordânia e outra em Jerusalém, a capital.
Os ingleses vieram em apoio aos americanos, dizendo que “um acordo possível tem de abranger uma ação de compartilhar Jerusalem com os palestinos. A decisão relativa aos novos condomínios em Gilo dificulta a solução do conflito, pois é território palestino. É errada.”
Saeb Erekat, negociador-chefe dos palestinos, por sua vez, qualifica a decisão como inaceitável e que “não adianta falar de paz”. Erekat é um dos dirigentes palestinos que tem dito que a ideia de uma solução de dois países morreu. O prefeito da cidade qualificou a reação americana de discriminatória. A lei israelense não permite diferenciar entre judeus e árabes. “A posição discrimina os judeus o que é proibido em qualquer país do Ocidente”, disse o prefeito.
Ele ainda afirmou que construções para árabes e judeus continuarão sendo autorizadas. A controvérsia é em torno de decisão da Comissão Municipal de Planejamento. Não se começou a construir coisa alguma. A cada dia mais se radicalizam as posições israelenses e árabe-palestinas. Talvez, se o gênio que vive na lâmpada de Aladim existisse, ele poderia conseguir promover um entendimento.
Pessoas normais não enxergam luz alguma no final do túnel de confusões e desentendimentos e nada além de escuros obstáculos, aparentemente, insuperáveis.
IG / Nahum Sirotsky, correspondente iG em Israel

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