sexta-feira, abril 23, 2010

Extrema Direita cresce na França (e no mundo)

Março, 2010
 A Frente Nacional (FN, extrema direita) foi a principal surpresa nos resultados do primeiro turno das eleições regionais francesas ao obter 11,7% dos votos, uma cifra, segundo seu líder, Jean Marie Le Pen, que mostra que o FN “é a ave Fênix que renasce das cinzas”.

As pesquisas de boca de urna previam vários pontos a menos para a FN. No entanto, a legenda superou os 20% dos votos na base eleitoral de Le Pen, a região de Provence, Alpes e Côte d’Azur, e obteve 18% dos votos na região de Nord Pas de Calais (norte), onde a lista do FN era liderada por sua filha, Marine Le Pen.

A porcentagem de 11,7% dos votos em todo o país indica um apoio de 2,2 milhões de eleitores, segundo as cifras oficiais. “Foi um êxito incontestável da Frente Nacional”, afirmou Le Pen nesta segunda-feira, comemorando o resultado do partido que fundou em 1972.
Por causa disso, no segundo turno das eleições regionais, no próximo domingo – ao qual passam automaticamente as listas que obtiveram ao menos 10% dos votos no primeiro turno -, o FN já está em condições de se manter em 12 das 26 regiões (22 na França metropolitana).
“A Frente Nacional pede às listas que não obtiveram os 10% de votos para não votarem nem na UMP (o governista União para um Movimento Popular) nem no opositor Partido Socialista (PS).” “Nem um nem outro”, declarou Le Pen antes de qualificar essas duas formações como “cúmplices”.
Horas antes, sua filha e também sua provável sucessora assegurou que a chapa “não será vendida a ninguém”. “Estamos aqui para nos opor ao pacto UMP-PS.” Para ela, os dois principais partidos políticos da França são “cúmplices e culpados da política de desperdício nas regiões”.
O renascimento do FN no mapa político francês surpreendeu porque chega um ano depois de sua derrota nas eleições europeias de 2009, nas quais obteve 6,3% dos votos.
“É um bom resultado que volta a colocar o FN no coração do jogo político na França”, afirmou o analista Jerome Fourguet, do Instituto IFOP.
Depois de ser divulgados os resultados do primeiro turno, Le Pen disse que seu partido beneficiou-se do debate sobre a identidade nacional impulsionado meses atrás pelo governo do presidente Nicolas Sarkozy.
“A Frente Nacional acaba de recuperar seu lugar, já que é um partido nacional”, afirmou na noite de domingo Le Pen, que se apresentou diante das câmeras de televisão atrás de um cartaz de campanha que dizia: “não ao islamismo”. Dias depois o cartaz foi proibido pela Justiça francesa.
A socialista Martine Aubry responsabilizou Sarkozy por ter “reaberto a porta” à extrema direita ao lançar um debate que acabou colocando a imigração no banco dos réus.
“A Frente Nacional tinha sido dada por vencida, morta e enterrada pelo presidente da República, mas demonstrou que continua sendo uma força nacional cada vez maior”, declarou o líder da FN.
Le Pen, que chegou a disputar a presidência da França em 2002 contra Jacques Chirac depois de uma classificação inesperada no primeiro turno, anunciou que essa campanha pelas eleições regionais seria a última de sua carreira.
Fonte: IG - Último Segundo

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