
WASHINGTON - Quatro anos depois que Abdul Qadeer Khan, o líder do maior mercado negro atômico do mundo, foi colocado em prisão domiciliar e sua operação foi finalizada, inspetores internacionais e autoridades ocidentais enfrentam um novo problema criado por ele, dessa vez a respeito de quem recebeu o projeto de uma sofisticada e compacta arma nuclear encontrada em seu computador.
Trabalhando em segredo durante dois anos, os investigadores localizaram a versão digitalizada do projeto na rede de Khan na Suíça, Dubai, Malásia e Tailândia. O projeto é eletrônico e poderia ser reproduzido rapidamente para a criação de uma arma que é relativamente pequena e fácil de se esconder, o que a torna especialmente atrativa para terroristas. As autoridades não sabem quantas cópias do projeto foram feitas.
A revelação feita durante o fim de semana de que a operação possuía esse projeto reaviva questões sobre o que Khan, o pai do programa nuclear do Paquistão, vendia e para quem. Isso também gera a possibilidade de que ele ainda tenha material crucial em seu poder.
Mesmo assim as autoridades do Paquistão declararam o fim do escândalo e debateram abertamente a possibilidade de libertá-lo. Nas últimas semanas, autoridades americanas alertaram secretamente o novo governo do Paquistão sobre os perigos de se fazer isso.
"Nós fomos diretos com eles sobre como soltar Khan pode gerar muitos problemas", afirmou um dos oficiais que participou das negociações na semana passada. "O problema com o Paquistão ultimamente é não saber quem está tomando a decisão - o exército, as agências de inteligência, o presidente ou o novo governo".
A rede nuclear ilícita comandada por Khan foi desmantelada no começo de 2004. Desde então, evidências mostraram que a rede vendeu a tecnologia de enriquecimento de urânio ao Irã, Coréia do Norte e Líbia, e os investigadores ainda seguem pistas que podem comprovar o negócio com outros países.
Khan é especialista em centrífugas usadas para produzir urânio enriquecido para a criação da bomba e grande parte da tecnologia que vendeu incluía o enriquecimento. Mas apenas nos últimos dias as autoridades descobriram o projeto de uma bomba entre o material apreendido com o principal tenente de Khan, um suíço da família Tinners.
Os mesmos documentos foram encontrados em computadores em três outros locais ligados às operações de Khan, de acordo com um diplomata envolvido na questão.
The New York Times/Por DAVID E. SANGER e WILLIAM J. BROAD
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