quarta-feira, dezembro 03, 2008

Zimbábue: polícia enfrenta protesto; cólera se espalha

3 de dezembro de 2008
A polícia do Zimbábue, armada de cassetetes, enfrentou médicos, enfermeiros e sindicalistas que protestavam nesta quarta-feira, mesmo dia em que a contagem de mortos por uma epidemia de cólera saltou para 565 pessoas.
Os sindicatos convocaram uma manifestação contra a escassez de dinheiro, que vale cada vez menos. Além disso, pelo menos 100 profissionais da área da saúde protestaram por melhores salários e condições de trabalho no mesmo momento em que combatem a pior epidemia de cólera da história do país.

A economia do Zimbábue, que já foi relativamente próspera, entrou em colapso. Além disso, a esperança de uma melhora é frustrada pelas negociações travadas entre o presidente Robert Mugabe e o líder da oposição Morgan Tsvangirai para dividir o poder.
A polícia, armada com cassetetes e escudos, enfrentou um grupo de cerca de 20 manifestantes que marchavam em direção ao banco central.
Em outro ponto da cidade, a polícia dispersou aproximadamente 100 profissionais de saúde que se juntaram do lado de fora do Ministério da Saúde.
Os hospitais públicos estão fechados em sua maioria, devido à falta de remédios e de equipamentos e pelas constantes greves de médicos e enfermeiros por melhores salários. A categoria tem poucas condições de lidar com a epidemia de cólera.
A agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para assuntos humanitários afirmou que o cólera matou 565 pessoas e infectou mais de 12.500 zimbabuanos. Centenas de pessoas foram para a África do Sul em busca de tratamento, aumentando a pressão por um maior envolvimento regional para impedir que o Zimbábue entre em um colapso completo.
O Congresso de Sindicatos do Zimbábue disse que quase 50 sindicalistas ¿incluindo seu secretário-geral, Wellington Chibebe¿ foram presos.
Os protestos de quarta-feira acontecem após confrontos inéditos entre soldados e civis, na segunda-feira. Dezenas de soldados desarmados entraram em conflito com uma multidão e com a tropa de choque após apreenderem dinheiro de vendedores e de doleiros ilegais.
O ministro da Defesa, Sydney Sekeramayi, afirmou que foram aplicadas medidas para evitar atos de violência que a mídia estatal atribuiu a "soldados trapaceiros".
Analistas disseram que a falta de coesão dentro das forças de segurança de Mugabe mostra o
impacto da crescente instabilidade econômica e pode aumentar a série de problemas enfrentados pelo governo.
"Eu acho que eles têm todos os motivos para ficarem completamente preocupados... Se eles não puderem ter os soldados junto a eles, eles estão com sérios problemas. E se isso acabar em alguma rebelião dos soldados, daí poderíamos ver alguma mudança muito mais rápida no Zimbábue do que parecia há algum tempo", disse Steven Friedman, analista político da Universidade de Johannesburgo.
A contaminação por cólera fora das fronteiras do Zimbábue também pode forçar os países vizinhos a tomar alguma atitude.
A Federação Internacional da Cruz Vermelha afirmou que seis pessoas morreram na África do Sul, com 400 casos reportados.
Reuters

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