terça-feira, setembro 29, 2009

Michael Jackson e a praga da tarja preta nos Estados Unidos

Há uns dois meses, resolvi ir no pronto socorro porque tinha uma febre de 40 graus que não baixava e minha garganta estava inflamada. Fui ao hospital porque era bem mais fácil do que marcar consulta aqui, com esse sistema de saúde maluco. Bom , cheguei no PS, esperei um pouco para ser examinada por um médico, e saí de lá com duas receitas - uma de antibiótico e uma de Percocet.

"Isso é um remedinho pra dor, toma dois agora que vai melhorar".
Tomei dois. Cheguei em casa conversando com os Teletubbies. Comecei a ficar tonta, imaginar coisas, minha fala ficou pastosa.
Mas que raio de analgésico é esse?
"Analgésico potente, opiáceo, pode causar dependência", me disse a internet.
Ou seja, entro no PS com dor de garganta e saio com um analgésico opiáceo tarja preta.
Como já tinha mostrado Heath Ledger, alguma coisa está errada com o sistema. Agora, há suspeita de que Michael Jackson tenha morrido depois de receber uma injeção do analgésico Demerol, outro analgésico opiáceo.
Segundo a Agência de Combate a Drogas dos Estados Unidos (DEA, na sigla em inglês), 8.500 pessoas morreram por causa de analgésicos tarja preta em 2005 – último ano para o qual há estatísticas. Isso representa um aumento de 114% no número de mortes desde 2001. De acordo com a DEA, há 6,9 milhões de viciados em remédios sob prescrição médica (dados de 2007).
Quase um terço das pessoas que começaram a usar drogas no ano passado afirmaram que sua primeira droga foi um remédio vendido sob prescrição médica. Desses, 19 % relataram ter usado um opióide.
“Remédios de tarja preta estão matando gente todo dia, mas nós só ficamos sabendo quando morre alguém famoso”, disse o patologista forense Cyril Wecht, professor da Universidade de Pittsburgh.
Patricia Campos Mello
Patrícia Campos Mello tem mestrado em Business e Economic Reporting pela New York University. É correspondente do Estadão em Washington.

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