sexta-feira, novembro 13, 2009

Reflexões sobre uma visita incômoda


novembro 2009
A convivência pacífica entre os povos e culturas é um dos mais antigos e comoventes sonhos da humanidade. Mas a paz, como todo o bem precioso, não é uma conquista fácil. Fácil é o ódio, fácil é o fanatismo, fácil é a negação do outro, a pura e simples eliminação do oponente, do diferente. Fácil e inútil, porque as soluções do ódio não quebram o ciclo da violência, que cedo ou tarde recomeça.

Estou fazendo estas reflexões à luz da visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil, agora no dia 23. Há conflitos entre Israel e seus vizinhos árabes, ou persas, no caso do Irã? Sim, há conflitos históricos na região. Mas ódio e fanatismo não vão aproximar estes povos do único caminho possível para uma paz durável – a convivência desarmada, desarmada de armas e de preconceitos.
Ahmadinejad não acredita nesse caminho, definitivamente. Contra a opinião de grande parte dos iranianos, ele representa o que de mais fanático e raivoso existe no atual regime. Um regime que persegue dissidentes, impede a liberdade de opinião, condena homossexuais e oprime mulheres.
Recentemente, o presidente do Irã estarreceu o mundo dizendo que o Holocausto, esse maior, mais frio e covarde assassinato em massa de que se tem notícia, seria uma pura invenção publicitária. Por isso os judeus e os democratas do mundo inteiro estão pesarosos e preocupados com essa visita de Ahmadinejad ao Brasil, um país saudavelmente marcado pela convivência pacífica entre os povos. Meses atrás, nossa Caminhada de Abraão reuniu árabes e judeus numa comovente demonstração de que, com respeito mútuo, a paz é possível.
Se a visita de Ahmadinejad parece, à esta altura, inevitável, vamos aproveitar um fato deplorável para meditar sobre as demências do fanatismo, o uso odioso da fé e a busca incessante da paz. A humanidade já sofreu demais para aprender que do ódio só vem mais ódio, mais mortes, mais violência. Dos dois lados pode haver fanáticos e ressentidos, mas há também pessoas dispostas a ouvir o outro, a entender melhor o diferente, a perdoar se preciso, sem desistir nunca da reconciliação possível.
Temos de tentar sempre, e de todo coração, reunir estas pessoas.
PLETZ.com  / por Walter Feldman

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